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Fibromialgia: a dificuldade do diagnóstico

Estudada há três décadas, os médicos ainda encontram dificuldade em diagnosticar a doença

Uma das principais doenças reumáticas, a fibromialgia é uma síndrome de dor crônica generalizada. Normalmente, os sintomas são dores no corpo, em articulações, músculos, tendões, entre outros. Um fator bastante complexo da enfermidade é o diagnóstico, pois não existe um exame específico para identificar a doença. Para isso, é necessário uma análise clínica baseada na história que é ouvida pelo reumatologista e na examinação física do paciente.

Ainda assim, para ser considerada fibromialgia a pessoa deve apresentar dor generalizada por mais de três meses e sensibilidade entre 11 e/ou 18 pontos pressionados durante a consulta, conhecidos como “pontos dolorosos.” Além disso, o médico pode solicitar alguns procedimentos para eliminar doenças que se manifestam de forma similar à fibromialgia.

Além da dor, ocorrem sintomas como fadiga, sono não reparador (a pessoa acorda com a sensação de que não dormiu), problemas de memória, concentração, ansiedade, formigamentos, depressão, dores de cabeça, tontura e alterações intestinais. As causas podem variar de acordo com cada caso. De acordo com a reumatologista Dra. Catarina Vila, a fibromialgia é uma doença que acomete até 5% da população, atingindo principalmente as mulheres na idade adulta, porém, os homens, idosos e jovens podem ser afetados também.

Embora ainda não tenha sido descoberta a cura para a enfermidade, algumas pessoas apresentam melhoras com o tempo e, em alguns casos, os sintomas retrocedem quase 100%. Segundo a reumatologista, um dos melhores tratamentos para controlar a doença é a atividade física: “Os pacientes precisam quebrar esse bloqueio e praticar exercícios físicos. Há evidência científica de que essa prática causa grande impacto na melhora da dor, humor e na qualidade de vida da pessoa diagnosticada com fibromialgia. Esse é o melhor caminho!”, orienta.

Outra forma de combater os sintomas são os medicamentos para depressão e convulsão. Mas, qual é a ligação desses remédios com a doença? Na fibromialgia, existe uma falta de regulação da dor por parte do cérebro. Isso ocorre por causa das alterações dos níveis de neurotransmissores – substâncias químicas desenvolvidas pelos neurônios, conhecidas como células nervosas. Estas células mandam informações a outras células por meio de neurotransmissores – que em alguns casos agem diminuindo a dor e/ou aumentando. Os antidepressivos e neuromoduladores agem ampliando a quantidade de neurotransmissores, cuja finalidade é amenizar as dores, tornando-se, assim, o tratamento mais eficaz.

Os antiinflamatórios e os analgésicos são medicamentos para combater dores relacionadas a dano tecidual, por exemplo, a dor ocasionada por uma contusão muscular. Neste caso, o remédio irá tratar e amenizar a inflamação. Em relação a fibromialgia, que não sabe-se a causa exata da dor, esses medicamentos não irão surtir efeito, porque a medicação não consegue regular o cérebro a ponto de diminuir a sensação exagerada de dor que é

sentida. Isso ocorre porque, nos pacientes com fibromialgia, existe uma sensibilidade maior ao desconforto, pois o cérebro delas capta exageradamente os estímulos nervosos. Por isso, os antiinflamatórios e os analgésicos não são eficazes para esse caso.

Tristeza X Fibromialgia

Acredita-se que a doença seja provocada também por fatores psicológicos. Pessoas que tenham sofrido algum tipo de transtorno familiar, depressão, ansiedade, doenças autoimunes e infecções, geralmente são as mais afetadas. A condição psicológica é um forte contribuinte para o desenvolvimento da doença.

A ansiedade e a depressão agem negativamente em relação à fibromialgia. Segundo a Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR), a depressão está relacionada em até 50% dos pacientes com fibromialgia, sendo que as duas condições atuam como um círculo vicioso, podendo piorar o quadro. A pessoa deprimida manifesta também distúrbio do sono e fadiga, um dos sintomas comuns da fibromialgia. Quando identificadas em um mesmo paciente – depressão e fibromialgia – devem ser acompanhadas por um profissional e devidamente tratadas.

Os sentimentos de felicidade e alegria – emoções positivas – podem diminuir o desconforto da dor. Em contrapartida, as sensações negativas – tristeza e infelicidade – aumentam este desconforto – explicação dada devido às substâncias químicas cerebrais que conectam as células nervosas, os neurotransmissores.

Desta maneira, os pacientes com fibromialgia e que não fazem acompanhamento para tratar o quadro depressivo terão níveis de dores mais fortes – comparado aos que não tem depressão. Segundo a Dra.Catarina, os pacientes questionam-se de vários desconfortos: “Eles reclamam de dores no corpo todo, alegam que o sono está ruim, sofrem de ansiedade ou andam muito sensíveis. É durante a consulta, ao vasculhar a história de cada um, que descobrimos outros fatores, como doenças paralelas, estresse físico e/ou emocional,” destaca.

    Principais sintomas:

  • Dores nos membros do corpo em cinco a sete partes do corpo por cerca de três meses;
  • Problemas de memória e concentração;
  • Cansaço frequente;
  • Distúrbios do sono;
  • Sensibilidade ao frio;
  • Suor em excesso;
  • Diarreia ou prisão de ventre constantemente;
  • Formigamento e inquietação nas pernas;

Ao apresentar estes sintomas, procure sempre a orientação de um médico. Conte conosco!